| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 960-2 | ||||
Resumo:Enterococcus spp. é reconhecido pela sua alta tolerância a variadas condições ambientais, como altas concentrações de NaCl, o que permite sua sobrevivência na água do mar. Além disso, este gênero atua como importante reservatório de genes de resistência no ambiente marinho. Por tal motivo, o estudo de Enterococcus spp. isolados de águas costeiras, permite uma visão mais abrangente da temática da resistência, utilizando abordagem One Health, baseada no bem-estar humano, ambiental e animal. O grande destaque de Enterococcus spp. se dá pelas cepas de Enterococos Resistentes à Vancomicina (VRE), consideradas como patógenos prioritários em relação à resistência aos antimicrobianos. Neste sentido, o monitoramento epidemiológico da resistência entre Enterococcus spp. é extremamente relevante para enfrentar a crescente evolução deste problema. O objetivo da presente proposta foi isolar amostras de Enterococcus spp. em diferentes praias do município de Niterói, RJ (Icaraí, Jurujuba e Piratininga) ao longo dos anos de 2022 e 2023. Além de caracterizá-los fenotípica e genotipicamente quanto à susceptibilidade frente a um painel de antimicrobianos de amplo uso na clínica. Amostras de água foram filtradas em membranas de 0.22m e as mesmas depositadas em Agar M-Enterococcus e Chromagar VRE. As colônias foram identificadas através de MALDI-TOF MS. Sessenta amostras foram submetidas ao teste de susceptibilidade aos antimicrobianos por disco difusão frente a um painel de 16 antimicrobianos. Amostras resistentes à vancomicina, tiveram o genótipo avaliado por PCR. Foram isoladas 181 amostras a partir de águas costeiras e mariscos bivalves, sendo 12 apenas isoladas destes últimos. Todas foram identificadas como pertencentes ao gênero Enterococcus, das quais 161 tiveram identificação da espécie com alta confiabilidade pelo MALDI-TOF MS. As espécies prevalentes foram E. hirae (n=72), seguido por E. faecium (n=68), E. faecalis (n=23) e E. casseliflavus (n=19). Ainda esporadicamente foram detectados E.gallinarum (n=1), E. hermaniensis (n=1) e E.mundtii (n=2). Jurujuba foi a praia de maior frequência de isolamento de Enterococcus spp. (58%), tal fato reflete o constante despejo de esgoto irregular nesta praia. Em relação à susceptibilidade aos antimicrobianos, os índices mais significativos de resistência foram à rifampicina (66,6%), eritromicina (36,6%), linezolida (30%) e tetraciclina (23,3%), respectivamente. Em relação aos beta-lactâmicos, 18,3% das amostras apresentaram resistência à penicilina e 8,3% à ampicilina. Altos níveis de resistência a estreptomicina foram detectados em 16,6% das amostras, no entanto nenhuma exibiu resistência adquirida à gentamicina. Foram ainda observados 13,3% de amostras VRE, sendo 11,6% resistentes à vancomicina, e 6,6% à teicoplanina. No entanto, o genótipo vanA não foi confirmado em nenhuma das amostras. Os VRE pertenciam a diferentes espécies, incluindo E. hirae (n=3), E.faecium (n=1), E.faecalis (n=1), E.gallinarum (n=1) e E.casseliflavus (n=1). Dentre as quinolonas, só foi observada resistência à nitrofurantoína (6,6%). Cabe destacar que o perfil expressivo de resistência à vancomicina e linezolida, além de 33,3 % das amostras serem multirresistentes, parece refletir intensa atividade antrópica na região da Baía de Guanabara, destacando a necessidade de monitoramento contínuo da resistência a antimicrobianos sob a perspectiva One health, sendo as águas costeiras excelentes sítios para este tipo de avaliação.
Palavras-chave: águas costeiras, Enterococcus, One Health, resistência a antimicrobianos Agência de fomento:Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) | |||||